O cheiro de cada lembrança trás um turbilhão de sensações, bastam apenas alguns segundos para os aromas nos fazerem reviver as experiências, sejam elas boas ou ruins. Os especialistas confiram que a memória olfativa é uma das mais duradouras, ultrapassando a capacidade da visão e da audição de reter referências.
Recordamos os rostos das pessoas, o tom de voz de alguém, o toque e, também, diversos cheiros, que é de onde vem o termo ‘memória olfativa’. Não existe uma quantidade exata, mas de acordo com Ana, “uma pessoa comum pode armazenar cerca de dez mil cheiros”.
Através do cheiro, abrimos uma porta de acesso a uma área do cérebro chamada de sistema límbico, de onde provém as nossas emoções. Conhecido há muitos anos pela aromaterapia, é sabido que os cheiros interferem no comportamento humano e na sua expressão emocional.
Processo cognitivo envolvido na memória olfativa
Como sabemos, o que percebemos pelo cheiro não é filtrado racionalmente com facilidade. Mesmo assim, tem impacto nos aspectos emocionais e sociais. Vários são os processos que ocorrem no cérebro para ajudar a consolidar as informações da memória olfativa, entre eles:
Percepção: Consiste em capturar o aroma externo para identificá-lo e diferenciá-lo dos demais. O resultado será uma representação mental do aroma, que estará relacionado a um significado.
Sensação: Aqui, é realizada uma interpretação subjetiva e representação desse aroma. Na maioria dos casos, nós a classificamos como agradável ou desagradável. A concepção desta classificação tem uma estreita relação com as próprias variáveis individuais, sociais e culturais.
Emoção: Na memória olfativa, esse aspecto desempenha um grande papel. Como vimos anteriormente, é processado principalmente pelo nosso cérebro emocional. Portanto, costuma ser o aspecto mais relevante desse tipo de memória. Em muitas ocasiões, podemos evocar emoções com muito mais facilidade do que com outros tipos de memória.
Associações: Nesse caso, a emoção tende a ganhar destaque, mas aqui há a presença do pensamento consciente. Portanto, associações de elementos e situações específicas são feitas com os aromas, e ao longo do tempo essa memória pode ser evocada voluntariamente.
Armazenamento: Está relacionada à memória de longo prazo, que é o caso da maioria das informações olfativas. Esse processo geralmente é influenciado pelo contexto e pelas características pessoais.
Em resumo, podemos entender que a memória olfativa, por meio do seu canal de comunicação direto com nossos centros de decisão, desempenha um papel importante em nossas vidas. Esta comunicação direta é conhecida pelas grandes empresas, que não hesitam em explorá-la sabendo que é uma das opções para despertar a nossa fome de consumo diante de uma tomada de decisão racional.